quinta-feira, 11 de abril de 2013

Arte Educação


A aprendizagem artística trabalhada em sala de aula tem como função desenvolver no aluno a competência para criar, interpretar e refletir sobre a arte. Este texto, de Rosa lavelberg faz uma reflexão sobre a ARTE na sala de aula, o ensinar a ARTE e o papel do mediador em relação ao seu compromisso com os alunos. Rosa Iavelberg é doutora em Arte-Educação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Coordenou e elaborou os Parâmetros Nacionais Curriculares do Ensino Fundamental de 1a a 4a séries.


A educação em arte ganha crescente importância quando se pensa na formação necessária para uma adequada inserção social, cultural e profissional do jovem contemporâneo. Ela imprime sua marca ao demandar um sujeito da aprendizagem criador, propositor, reflexivo e inovador. Se hoje o aluno deve ser formado para enfrentar situações incertas e para resistir às imposições de velocidade e de fragmentação que caracterizam a contemporaneidade, a arte pode colaborar e muito. Na construção da identidade artística das crianças e dos jovens que freqüentam as escolas, os professores têm um papel significativo. Sua colaboração é ainda maior quando sabem respeitar os modos de aprendizagem e dedicar o tempo necessário a fornecer orientações e conteúdos adequados para a formação em arte, que inclui tanto saberes universais como aqueles que se relacionam ao cotidiano do aluno. É o professor quem promove o fazer artístico, a leitura dos objetos estéticos e a reflexão sobre a arte, de modo que o aluno possa se desenvolver como um sujeito governado por si próprio ao mesmo tempo em que interage com os símbolos da cultura. Além de debater os conteúdos específicos da área, o professor deve estar atento para o temperamento de cada aluno, observando suas ações e individualidade. Ou seja, na formação em arte o plano da subjetividade dialoga permanentemente com as informações e orientações oferecidas pelo professor. Acolher e exigir são os pólos da oscilação pendular, que representa os movimentos do professor nas orientações didáticas em arte. Dessa forma, são
criadas as condições para que o aluno sinta-se bem ao manifestar seus pontos de vista e mostrar suas criações artísticas na sala de aula, além de favorecer a construção de uma imagem positiva de si mesmo como conhecedor e produtor em arte. Assim, fazem parte do conjunto de ações desenvolvidas pelo professor nessa área: orientar os processos de criação artística oferecendo suporte técnico, acompanhando o aluno no enfrentamento dos obstáculos
inerentes à criação, ajudando-o na resolução de problemas com dicas e perguntas e fazendo-o acreditar em si mesmo; propor exercícios que aprimoram a criação, informando-o sobre a História da Arte; promover a leitura, a reflexão e a construção de idéias sobre arte e ainda documentar os trabalhos e textos produzidos para análise e reflexão conjunta na sala de aula.
Cada imagem, cada gesto, cada som que emerge nas formas artísticas criadas em sala de aula têm grande importância, uma vez que se referem ao universo simbólico do aluno. Portanto, exigem a atuaçãoprecisa do professor, o planejamento do tempo, a organização do espaço e a atenção aos processos de comunicação, tanto entre professor e aluno como entre os colegas de classe. Uma aprendizagem artística assim percorrida deixará marcas positivas na memória do aprendiz, um sentimento de competência para criar, interpretar objetos artísticos e refletir sobre arte sabendo situar as produções. Além disso, o aluno aprende a lidar com situações novas, inusitadas e incorpora competências e habilidades para expor publicamente suas produções e idéias com autonomia. Isso não significa que arte promova a auto-estima num passe de mágica, pela simples afirmativa de que tudo o que o aluno faz e pensa em arte é ótimo.

"Na construção da
identidade artística das
crianças e dos jovens que
freqüentam as escolas, os
professores têm um papel
significativo".


Cada um se sentirá confiante em relação a sua arte à medida que aprender efetivamente, atendendo aos três eixos de aprendizagem significativa: fazer, interpretar e refletir sobre arte, sabendo contextualizá-la como produção social e histórica. Dominar os processos de criação em arte, construindo um percurso cultivado, ou seja, informado pela cultura requer um professor orientador, que incentiva a produção, ensina os caminhos da criação e solicita do aluno envolvimento e constância. O apoio do professor, por sua vez, é alimentado pela sua atualização permanente, necessária para se ter familiaridade com o universo procedimental da arte. Também as leituras de objetos artísticos, outra competência que promove a imagem positiva do aprendiz, devem ter papel destacado na sala de aula, porque além de cumprirem o papel de
formação cultural, conectam a aprendizagem escolar ao patrimônio cultural. A instância de formação escolar integrada à produção social da arte é um aprendizado para a participação
do jovem na sociedade. Ao atribuir e extrair significados das produções de críticos, historiadores da arte, jornalistas, artistas, filósofos, com a mediação do professor, os jovens compreendem
e se situam no mundo como agentes transformadores.



"Cada imagem, cada gesto,
cada som que emerge nas
formas artísticas criadas
em sala de aula têm
grande importância, uma
vez que se referem ao
universo simbólico
do aluno".



Nesse percurso de construção de saberes, cadaaluno fará escolhas com liberdade e discernimento, o que caracteriza os processos de criação em arte e de aprendizagem autoral. Será, sim, influenciado pelas culturas, mas contará com traços propositivos e transformadores, próprios dos modos de continuar aprendendo sempre e por si, dentro e fora da escola, renovando-se em contato a diversidade de manifestações artísticas que revelam o movimento contínuo da arte e do conhecimento. A vida cultural pode (e deve) transitar pela escola. A visita a feiras e ateliês, mostras da cidade, apresentações de dança, teatro e música tem o objetivo de estabelecer a comunicação permanente entre o que se estuda e a cultura em produção, além dos estudos referentes à História da Arte. Um aluno preparado para o futuro é aquele que acompanha seu tempo, ancorado em uma sólida formação. Nesse aspecto, a arte é, sem dúvida, uma base imprescindível por incluir as formas simbólicas que dizem respeito à humanização de todos os tempos e lugares.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ática, 1985.
COLL, C. & MARTÍN E. & MAURI, T. & MIRAS, M. &
ONRUBIA, J. & SOLÉ, I. & ZABALA, A. O Construtivismo
na sala de aula. São Paulo: Ática, 1997.
FERRAZ, Maria Heloisa C. T. & FUSARI, Maria F. R. Arte
na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1992.
FERNANDO, Hernandez & VENTURA, M. A organização
do currículo por projetos de trabalho. Porto Alegre:
Artmed, 1998.
IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender Arte: sala de
aula e formação de professores. Porto Alegre: Artmed, 2003.
________________. Material didático como meio de formação
– criação e utilização. In: Educação com arte/série
Idéias 31. São Paulo: FDE, 2004.
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental, MEC/SEF, 1997.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar.
Porto Alegre: Artmed, 1998.

Fonte: http://www.arteiragem.blogspot.com.br/
pelo Parceiro PCNP Scarabello

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